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Marcello Branco Resenha As Noveletas das Lições do Matador

As Noveletas da Série As Lições do Matador

(Ciclo Pós-Retração Tadai)

Marcello Simão Branco

 

 

Importante fanzineiro (é cocriador do Megalon com Renato Rosatti), jornalista e professor de Ciência Política, Marcello Branco tem acompanhado As Lições do Matador desde o início, resenhando o romance Glória Sombria: A Primeira Missão do Matador no Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica, editado por ele e Cesar Silva. Aqui, faz a primeira avaliação conjunta das noveletas da série, no Ciclo Pós-Retração Tadai.

 

 

Este artigo irá comentar as quatro noveletas já publicadas dentro da série As Lições do Matador, todas parte do Ciclo Pós-Retração Tadai, quando o protagonista da série, Jonas Peregrino, já é um militar respeitado por suas façanhas em combate, em especial na condução de batalhas na guerra contra os alienígenas tadais, na qual a humanidade se envolveu na sua expansão pela galáxia. Mas na mesma medida que é admirado, Peregrino também desperta inveja e inimizades junto aos outros blocos políticos terrestres que haviam juntado forças para derrotar o inimigo em comum.

De certa forma, as noveletas têm algo de um romance fix-up, que apresenta histórias de um mesmo universo ficcional numa sequência de eventos, apesar dos textos poderem ser lidos de forma independente. Cada história tem uma energia e sentido próprio, mas lendo-as todas de uma só vez, o conjunto se reforça!

Estamos diante de uma space opera militar de muitas qualidades. Na criação das aventuras, em sua narrativa vívida e com personagens interessantes, no contexto político complexo, na perspectiva ética e humanista de um militar — o que poderia, numa visão estereotipada, soar como inverossímil. Mas, sobretudo, no campo de batalha: do esforço visível de Causo em descrever as tecnologias bélicas disponíveis e nas ações de combate, empolgantes, tanto nas estratégias como nos desdobramentos. Quase como se estivéssemos presentes, o que dá um sentido de tensão e suspense bastante acentuado.

Como já visto no romance Glória Sombria (2013), encontramos a humanidade do século 25espalhada pela Via Láctea, vivendo nas chamadas Zonas de Expansão, principalmente na Esfera, a região mais rica, e de forma pacífica com algumas civilizações alienígenas. Contudo, a Terra continua dividida internamente em três blocos políticos principais: Latinoamérica, Aliança Transatlântico-Pacífico e a Euro-Rússia. Apesar disso, atuam juntos contra a ameaça comum dos misteriosos tadais: alienígenas com grande poder tecnológico e bélico, e que lutam apenas com seus robôs.

 

“Descida no Maelström”, a primeira história das Lições do Matador, apareceu na antologia Futuro Presente: Dezoito Ficções sobre o Futuro (2009).

Depois de uma batalha contra as forças da Latinoamérica, os tadais deixaram a Esfera. Alguns falam em “retirada” outros, como o Almirante Túlio Ferreira, líder militar da Latinoamérica, em “retração”. Neste contexto é que ocorre a primeira história, “Descida ao Maelström” (2009), na qual uma missão dos euro-russos busca verificar se há tadais orgânicos ocultos em uma base no planeta gasoso Phlegethon. Para esta incursão especial é solicitada a presença de Peregrino, cedido pela Latinoamérica. Mas a missão reserva muitas surpresas e reviravoltas. Tanto no que se descobre de terrível sobre os tadais, quanto no propósito verdadeiro da presença de Peregrino.

Esta noveleta se inspira no clássico de Edgar Allan Poe, “Uma Descida ao Maelstrom” (“A Descent into the Maelström”; 1841), sobre uma pessoa que sobrevive a um naufrágio e um redemoinho. Apesar de seguir situações semelhantes, a aventura em Phlegethon consegue ter o seu mérito próprio, indo além da homenagem. Primeiro, na descrição da batalha, depois no contato de Peregrino com os nativos do planeta gasoso, que me lembrou de outra história memorável da FC, “Encontro com Medusa” (1971), de Arthur C. Clarke. Enfim, o maelström vivido por Peregrino é um relato intenso e poderoso.

O início da noveleta “Trunfo de Campanha” (2011) me lembrou de Stratos, a cidade situada nas nuvens do planeta Ardana, vista no episódio “Os Guardiões das Nuvens” (“The Cloud Minders”; 1969) da série clássica Jornada nas Estrelas. Isso porque a nova aventura de Peregrino o leva ao planeta Cantares, onde ele chega a um hotel que flutua acima da superfície.

Após a difícil missão em Phlegethon, em que quase perdeu a vida, Jonas Peregrino aumentou sua importância política, mesmo que a contragosto. Resultado ou não da última contenda, os tadais saíram de cena, e isso tirou o manto de hipocrisia que vigorava na aliança estratégica dos blocos terrestres. Sem o inimigo comum, tornou-se explícita as rivalidades políticas e as articulações para que cada um obtenha mais poder que o outro.

 

 

Assembleia Estelar: Histórias de Ficção Científica Política (2011) incluiu “Trunfo de Campanha”. Arte de capa de Vagner Vargas.

Em “Trunfo de Campanha” (2011), Peregrino é convidado a apoiar a campanha eleitoral de um governador que deseja liderar a Latinoamérica. Sua adesão é importante, devido, justamente, à popularidade que almejou com suas vitórias militares. Mas, por ver nesta disputa um possível acirramento das rivalidades entre os blocos terrestres, ele decide por não apoiar ninguém. Contudo, a linda emissária do senador lhe apresentará um argumento final que deixará ainda mais clara as reais intenções por trás do desejo por seu apoio.

Tive o prazer de selecionar e publicar esta noveleta na antologia internacional Assembleia Estelar: Histórias de Ficção Científica Política (Devir Brasil; 2011). Afora o assunto em si, a história traz especulações interessantes sobre a convivência política dos povos na galáxia, e seus sistemas de representação política e os direitos de cada minoria.

Em contraste com a ação bélica e eletrizante da primeira história, sobressaem-se as intrigas e estratégias políticas, e é nítido o desconforto de Peregrino em ter de lidar com tudo isso. Afinal, ele é um militar e não um político. Mas seus valores éticos e sua visão política sensata de longo prazo é, este sim, um trunfo. Se não à campanha em si, ao equilíbrio político necessário entre os blocos políticos terrestres.

 

 

Space Opera: Jornadas Inimagináveis em uma Galáxia não muito Distante (2012), traz a noveleta “A Alma de um Mundo”. Arte de capa de Hugo Vera.

Em “A Alma de um Mundo” (2012), Peregrino parte numa missão secreta com a Força-Tarefa Estrela de Prata. Mas nem ele e nem a tripulação conhecem ao certo o caráter de sua missão. Ao chegar ao sistema estelar binário de HOPS-2428, sem nome no catálogo astronômico da Latinoamérica, eles entram em contato com uma força do Povo de Riv, que chama o sistema de Afssel-Mssadohr. Peregrino é informado por um documento lacrado que ele deve assumir o comando da nave, para contragosto da capitã e parte de sua tripulação.

A presença de Peregrino havia sido solicitada pelos alienígenas do Povo de Riv, e em princípio giraria em torno do resgate de um povo historicamente submetido à escravidão e que, em sua origem, tinha descendência dos próprios tadais. Por isso, agora, estariam sob o risco de serem feitos prisioneiros e torturados pela Aliança Transatlântico-Pacífico, que, para esta missão suja, enviou os Minutemen, uma força militar auxiliar — milicianos mercenários que lembram os originais norte-americanos da Guerra de Independência do país, no distante século XVIII. Mas para além de evitar a captura, há mais em jogo, conforme o Povo de Riv revela a Peregrino: a descoberta de ruínas arqueológicas de instalações tadais. O conflito militar torna-se, então, iminente, e Peregrino contará com o auxílio do Povo de Riv para ser bem-sucedido e preservar um segredo tão importante.

 

 

Sagas Volume 4: Odisseia Espacial (2013), traz a noveleta “Tengu e os Assassinos”. Arte de capa de Fred Macedo.

A quarta narrativa é “Tengu e os Assassinos” (2013). O incansável Peregrino tem a incumbência de salvar Harumi Harai, jovem nobre de uma parte da monarquia japonesa originária de uma antiga dinastia do Japão, e que vive no bucólico planeta Fruto do Sol, arrendado pelos alienígenas tuiutineses. No passado longínquo, os tuiutineses abriram o planeta para a colonização humana, por razões nunca esclarecidas.

Devido a uma intriga palaciana, Harumi pode ser morta e Peregrino deve resgatá-la. Ocorre que ela prognosticou seu destino nefasto e, mais que isso, o que poderá ocorrer com a própria humanidade em sua jornada universo afora. Isso é o que a torna tão especial e, no fim das contas, estaria por trás da arriscada empreitada.

Se nas duas primeiras histórias o plano de ação se dá no mundo mais concreto da realpolitik, nas duas últimas é acrescentado um aspecto mais místico e cultural. Pois são apresentadas duas civilizações alienígenas que convivem com os humanos em sua aliança contra os tadais, a partir de outras concepções sobre a vida e sua relação com o universo. Esta alteridade só enriquece mais o conjunto das histórias, acentuando o necessário aspecto da diversidade num cosmos habitado por diferentes sociedades.

À política se soma a antropologia, num quarteto de noveletas instigantes e inteligentes. É a mostra efetiva de um autor em pleno desenvolvimento de sua forma criativa, e que ilustra as muitas e ricas possibilidades de criação de um universo de space opera de uma perspectiva multicultural e à brasileira.

—Marcello Simão Branco

 

“A Alma de um Mundo” também existe como o e-book Kindle Space Opera: A Alma de um Mundo (2012).

“Tengu e os Assassinos” também apareceu na coletânea de Roberto Causo, Brasa 2000 e Mais Ficção Científica (2020).

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Shiroma: A Leveza de uma Anti-Heroína

Shiroma: A Leveza de uma Anti-Heroína

por Romy Schinzare

 

Foto: Romy Schinzare

 

 

 A destacada contista Romy Schinzare narra nesta crônica literária a sua reação a Shiroma, protagonista da série Shiroma, Matadora Ciborgue, do Universo GalAxis, e como ela a inspirou a criar Diana, a robô feminina do conto epônimo de 2022. Romy Schinzare é autora das coletâneas Mandrágora (2017), Contos Reversos (2018) e Apócrifos do Futuro (2022), todas pela Editora Patuá.

 

 

 

Romy Schinzare

Cresci na época da popularização da TV. De uma família matriarcal, meu olhar logo se voltou para as mulheres mágicas que o pequeno aparelho levava até a nossa sala. Encantei-me com a beleza e força que carregavam: a Mulher-Maravilha, que tudo resolvia com o auxílio do laço da verdade; a astuta Jeannie, que bem sabia usar da magia para deixar a vida mais leve e suportável; e as peripécias de A Feiticeira e sua família peculiar. Neste último, muito me divertia a idosa tia Clara que, de forma encantadora, se atrapalhava ao fazer feitiços, obtendo resultados desastrosos e a paciência da sobrinha em corrigir tudo sem expô-la ao ridículo. Essa personagem idosa e imperfeita me cativava…

Esses e outros programas de ficção, contribuíram para minha leitura de mundo e de palavra e, sem dúvida, ajudaram a despertar em mim o amor e o prazer pela ficção científica. Talvez as heroínas nascidas em seriados de televisão ou que migraram das histórias em quadrinhos para este meio de comunicação tenham acalentado os sonhos de muitas meninas brasileiras na década de 1960 e atuaram como modelos de mulheres guerreiras, capazes de elaborar estratégias e de executá-las com competência, intervindo no mundo a seu redor, modificando-o enquanto se modificavam.

A esses seriados, e com o advento da escola, logo se somaram os livros. Os livros entram em nossa vida e nos fisgam, sem entendermos bem os labirintos que percorreram para nos encantar. Verdade é que chega um momento em que a gente diz: amo este livro! Pronto, a magia se fez para o autor e para o leitor. Assim aconteceu comigo e todos os livros de Agatha Christie. Claro, outros se seguiram, mas adentrei o universo da ficção e do mistério guiada pelas mãos dessa autora brilhante. O interessante é que crescemos e deixamos várias coisas pelo caminho, mas o encantamento fica ali, pronto para nos despertar da letargia cotidiana. Foi assim que Shiroma entrou em minha vida, como num déjà vu, no entanto, agora guiada pelas mãos de uma anti-heroína, de uma trans-humana, uma ciborgue implacável, impiedosa.

Shiroma é força, ação, revolta, vingança, amor e ódio. Shiroma é produto de uma tecnologia mais avançada, geneticamente aperfeiçoada, resultado de uma história pessoal e resposta à vida. Trans-humana usada, manipulada, consciente, inteligente, objetiva, Shiroma é o vulcão em erupção, jorrando lava acumulada por anos. Destruindo os caminhos por onde passa para, num momento bem próximo, fazer brotar novas vidas. Matadora que reúne em si a frieza e a sensibilidade. Pode-se observar a antítese na crueldade com que elimina seus alvos e na fragilidade e enfrentamento de dilemas pessoais através do contato com as vozes de sua mãe morta, Mara Nunes, ou a de si mesma quando menina, numa concha do mar que funciona como uma espécie de referência moral e ética em suas histórias.

A trama da anti-heroína está no livro Shiroma, Matadora Ciborgue, de Roberto Causo. Romance composto por episódios cronologicamente relacionados, ambientados no século XXV, época de expansão da raça humana através da colonização de outros mundos. A personagem vai sendo desvelada aos poucos aos leitores, enquanto executa missões ilegais que servem à conveniência de outros. Conflitos sociais e morais afloram na personagem durante este trabalho. Sente-se desconfortável com o papel que desempenha e questiona-se a todo o momento, pensando em como se livrar da condição de submissão a que está atrelada.

 

Shiroma inspirou diretamente a criação de minha personagem Diana, uma fembot implacável quando se trata de agir em prol de salvar seu povo da escravidão da indústria do cinema americano.” —Romy Schinzare.

 

Tudo tem início quando a anti-heroína sobrevive a uma emboscada armada pelos humanos Tera e Tiago, que termina com a morte de sua mãe e sua captura. Após o que, ainda menina, passa a ser criada e usada pela dupla que a escraviza e explora suas habilidades para transformá-la numa matadora profissional. Ela vai adquirindo consciência do lugar que ocupa, mas outros elementos a impedem de agir de imediato libertando-se de uma condição incômoda. Essa ânsia por liberdade, por poder traçar seu próprio caminho, chama a atenção nesta ciborgue.

Shiroma inspirou diretamente a criação de minha personagem Diana, uma fembot implacável quando se trata de agir em prol de salvar seu povo da escravidão da indústria do cinema americano.[1]  Numa comparação humilde, as anti-heroínas dialogam por serem “mulheres” que avançaram para além dos limites da vida, que rompem padrões pré-estabelecidos pela sociedade. Que correm riscos e buscam novas realidades e verdades. Às vezes más e odiadas, outras, boas e amadas. Que carregam em si sentimentos conflitantes numa clara demonstração de humanidade. Shiroma busca sua liberdade, rompendo o padrão de ter a identidade anulada por outros; Diana, a liberdade de seu povo. Ambas assassinas implacáveis, no entanto, a matadora ciborgue demonstra ser mais anti-heroína que a outra. Diana não tem um perfil tão bem delineado ou mesmo complexo quanto o de Shiroma. A vida de Diana dura um conto, a de Shiroma uma saga bem maior.

Traz um bem enorme à alma cruzar com uma anti-heroína na literatura. Saber que ser humano significa essencialmente ter imperfeições, falhas de caráter e motivações ambíguas. Saber que nem tudo é virtuosismo ou gravita entre as polaridades simples do bem e do mal. Desvelar nuances mais profundas do humano, que questionam e subvertem as expectativas culturais e sociais, gera em nós a reflexão sobre nossa própria moral e ética. A consciência de que as decisões humanas são complexas e podem exigir escolhas moralmente ambíguas faz bem. Essas personagens são dínamos dessa discussão.

Shiroma e Diana são isso. Esse convite a desafiar o pré-estabelecido, esse desafio à leitura confortável e simples de sujeito e de mundo. Agem dentro da complexidade de um contexto que exige cada vez mais que sejam travadas lutas internas conflituosas para que ocorram transformações e crescimento. Ambas são a viabilização ficcional da exposição do drama da opressão feminina. Shiroma conquistou posição de destaque definitivo na literatura brasileira, e torço para que continue inspirando reflexões sobre a condição feminina em outros leitores, como inspirou em mim.

Romy Schinzare

 

 

[1] No conto “Diana”. In Apócrifos do Futuro, de Romy Schinzare. São Paulo: Coleção Futuro Infinito, Editora Patuá, 2022.

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Repercussões de “Shiroma: Phoenix Terra”

 

O primeiro e-book da série Shiroma, Matadora Ciborgue recebeu resenhas positivas em diversos blogues nacionais, desde o seu lançamento em fins de 2020.

Shiroma: Phoenix Terra é uma noveleta publicada como e-book Kindle pelo Selo Miskdo do Malean Studios, com arte de capa de Carlos Rocha e ilustrações internas de Eduardo Brasil. A diagramação de Taira Yuji prova que há espaço para um book design sofisticado, no campo dos livros eletrônicos.

 

A capa completa de Shiroma: Phoenix Terra. Ilustração de Carlos Rocha.

 

Treinada para ser uma arma humana de grandes capacidades, a ciborgue Shiroma possui biocibersistemas únicos, que despertam a cobiça da Associação Céu e Terra da Era Galáctica, uma poderosa organização criminosa com tentáculos por todas as Zonas de Expansão Humana.

Para enfrentar este sindicato do crime, Shiroma precisa de recursos financeiros. Disfarçada como estudante de arqueologia, ela vai ao estranho planeta Phoenix Terra para ver Torgo Borkien, um especialista em arte alienígena que pode ajudá-la a vender artefatos valiosos de origem misteriosa.

Mas Shiroma logo descobre que, por trás da sua ecologia monótona e da ocupação humana aparentemente tranquila, Phoenix Terra esconde uma sucessão de armadilhas e perversões.

 

Tendo lido a noveleta antecipadamente, o próprio Carlos Rocha, que faz crítica de ficção científica e fantasia no site Selo Multiversos, a resenhou ainda em agosto de 2020, afirmando:

“A noveleta abre um novo ciclo para Shiroma trazendo uma experiência de leitura semelhante a dos outros títulos do autor: narrativa envolvente, personagens sólidos e construção de um universo ficcional único e instigante… Fica então a expectativa para esse novo ciclo de histórias da personagem que irão expandir ainda mais um dos melhores universos já criados na ficção científica brasileira.”

Gilberto Schoereder, veterano editor e observador da FC no Brasil, autor do livro de referência Ficção Científica (1987), em fevereiro de 2021 tratou de Shiroma: Phoenix Terra no Portal Vimana:

“É possível conhecer bastante da história de Shiroma acompanhando essa aventura, na qual ela entra em contato com o xenoarqueólogo Torgo Borkien — um nome que me lembrou o de alguns personagens de Asimov … A existência de culturas alienígenas no universo em que se passa a ação, e, em particular, de uma cultura extraterrestre desaparecida e aparentemente representada apenas pelos artefatos, prende a atenção desde o início da narrativa.”

Crítico literário, booktuber e organizador de antologias, Davenir Viganon resenhou o e-book no seu blogue Wilbur D.: Ficção Científica, também em fevereiro de 2021. Ele avalia:

“A protagonista continua interessante e bem construída e é impressionante ver como os contos, este e os anteriores continuam repletos de escolhas acertadas da parte do autor, que não permite que Shiroma vire uma boneca sexualizada invencível que vive aventuras de ação sem sentido mas uma mulher complexa, interessante e que se desenvolve um pouco a cada conto.”

Atuando no site Ficções Humanas, Paulo Vinicius é outro crítico destacado no campo da ficção científica no Brasil. Em fevereiro, ele destacou a segurança da composição da personagem e da ambientação:

“Essa é uma narrativa de hard sci-fi, que é uma marca do autor. Ele consegue lidar com altos conceitos de ficção científica de uma maneira que parece fácil. Ao ler sua história, algo que é marcante é o quanto ele tem de background sobre o mundo e seus personagens. Os elementos de construção de mundo são precisos. Não vejo um titubeio nas frases. Não há também incoerências ou contradições. … [U]ma excelente história para trazer novos leitores a esse interessante universo. Fica a nossa vontade de saber mais a respeito de quais serão os próximos passos dela. … [U]m mergulho em uma ficção científica de alta qualidade. Causo foi muito feliz ao nos apresentar um mundo repleto de mistérios e detalhes que fazem o leitor imaginar inúmeras possibilidades.”

E Jorge Luiz Calife, nome máximo da FC hard nacional, criador do Universo da Tríade e jornalista de cultura e entretenimento junto ao Diário do Vale, destacou, também em fevereiro:

“Roberto Causo é um dos nomes mais conhecidos da moderna ficção científica brasileira. Vivendo em São Paulo ele já produziu vários contos e romances premiados. … O mais interessante nessa ficção do Causo são os mundos extraterrestres que ele imagina. Como o planeta Phoenix Terra com suas florestas cheias de um pólen que sufoca os seres humanos.”

Não deixe de ler Shiroma: Phoenix Terra, disponível na Amazon Brasil.

 

 

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“Glória Sombria” É Recomendado na Internet

O primeiro romance do Universo GalAxis, Glória Sombria: A Primeira Missão do Matador, de Roberto Causo, foi recentemente recomendado na internet. O livro pertence ao Ciclo pós-Retração Tadai, da série As Lições do Matador.

 

 

 

Arte de capa de Vagner Vargas.

 

Davenir Viganon fez uma resenha do romance no seu blogue Wilbur D: Resenhas, Downloads, Contos em 17 de agosto de 2020. Ele destaca:

“Esperava encontrar ação frenética por ser um livro curto e que não haveria espaço para muita coisa além disso, mas o livro diverte pela construção do cenário e as engrenagens políticas que dão uma boa profundidade ao universo… O livro é como um episódio piloto de algo mais longo mas bom o suficiente para me fazer procurar mais pelo universo.”

Mais tarde, Viganon fez um vídeo sobre Glória Sombria no seu canal do YouTube, Diário de Anarres. Ali ele expande:

“A característica que mais me atraiu na história é que ele é politicamente dividido, não entre as facções de cada planeta ou conjuntos de planetas, mas a Terra ainda é, apesar de ter encontrado muitas civilizações, de já ter encontrado até um inimigo pr’a humanidade, que deveria unir eles — só que não… Também isso é outra coisa bacana, porque o Brasil e toda a América Latina têm importância no cenário político não só da Terra mas ali na região de expansão humana. É muito bacana ver as intrigas que estão acontecendo, enquanto a humanidade toda deveria estar unida, o que dá uma maturidade pro universo… Eu recomendo o livro, gostei bastante do livro, e acho que é uma série que merece uma chance.”

No MyBest: Serviço de Recomendação de Livros e Filmes, Bruna Trigueiros criou a lista “Top 20: Melhores Livros de Ficção Científica de 2020 (Atuais e Clássicos)” e abriu a subdivisão dos livros atuais com Glória Sombria, incluindo a seguinte nota:

“Desde 1989, Roberto de Sousa Causo publica contos em revistas e livros no Brasil e outros países. Ele escreve terror, fantasia e hard sci fi. Em Glória Sombria, Causo se aventura num gênero único: a space opera militar, cheia batalhas, intrigas e estratégias. No século XXV há uma guerra entre os humanos e os Tadais. Jonas Peregrino, um jovem oficial descendente de brasileiros, é chamado para treinar uma unidade de elite por seu talento como estrategista. O livro curto com preço baixo conta a história da primeira e dificílima missão dessa tropa.”

Na sua lista de destaques da ficção científica atual também estão Encarcerados, de John Scalzi; A Cidade e a Cidade, de China Miéville; O Caçador Cibernético da Rua 13, do brasileiro Fábio Kabral; Matéria Escura, de Blake Crouch; Perdido em Marte, de Andy Weir; Justiça Ancilar, de Ann Leckie; O Problema dos Três Corpos, de Cixin Liu; Jogador N.º 1, de Ernest Cline; e A Longa Viagem a um Pequeno Planeta Hostil, de Becky Chambers.

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Roberto Causo É Entrevistado no “Almanaque de Arte Fantástica Brasileira”

Marcello Simão Branco, jornalista, cientista político e fã histórico de ficção científica entrevistou o escritor Roberto Causo, criador do Universo GalAxis, para o Almanaque de Arte Fantástica Brasileira, que ele mantém com o seu colaborador de longa data, Cesar Silva.

 

 

O blogue Almanaque de Arte Fantástica Brasileira é uma poderosa ferramenta de acesso a recursos de ficção científica, fantasia, horror e literatura fantástica. Representa uma continuidade, em outro formato, do importante Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica, que Branco & Silva publicaram ao longo de uma década.

A entrevista foi postada em 1.º de novembro de 2019, e nela Branco e Causo comentam os 30 anos de carreira do escritor e discutem o que mudou nesse tempo, no campo da ficção científica brasileira, a sua comunidade de fãs e com a recente produção intelectual e acadêmica voltada para a FC no Brasil.

O Universo GalAxis também é abordado, assim como a influência da série alemã Perry Rhodan sobre ele e as novidades e projetos futuros do universo que combina as séries As Lições do Matador e Shiroma, Matadora Ciborgue.

Marcello Simão Branco foi um dos criadores, com Renato Rosatti, do importante fanzine Megalon, e é um dos mais longevos observadores do campo da ficção especulativa no Brasil. Com Cesar Silva ele editou a revista HorrorShow e participou da Editora Pecas, além de fundar a Sociedade Brasileira de Arte Fantástica e organizar convenções de FC e de horror. Branco, que também é professor universitário de Ciência Política, editou as antologias Outras Copas, Outros Mundos (1998) e Assembleia Estelar: Histórias de Ficção Científica Política (2010), esta última com a noveleta das Lições do Matador, “Trunfo de Campanha”. É assim que ele abre a entrevista com Roberto Causo:

Conheço o Causo desde setembro de 1987, faz tempo, a partir de uma reunião mensal do Clube de Leitores de Ficção Científica, em São Paulo. Artista e militante em tempo integral, fez tudo e mais um pouco em prol da ficção científica e fantasia no país desde então. O que se faz com as perguntas a seguir é além de celebrar a longevidade de sua carreira, reconhecer sua importância, que se confunde com a trajetória e desenvolvimento do gênero no país. Pois se ele, numa visão de conjunto, se estabeleceu como um dos nossos autores mais relevantes, tem uma contribuição multiforme, e não menos significativa: fã, fanzineiro, ilustrador, crítico e ensaísta, editor, tradutor, pesquisador acadêmico, organizador de eventos.

A entrevista você encontra aqui.

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