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RESENHA
MESTRE DAS MARÉS
Mestre das Marés, de Roberto de Sousa Causo. São Paulo: Devir Brasil, 2018, 288 páginas. Arte de capa
de Vagner Vargas. Arte da contracapa de Bruno Werneck. A unidade de Peregrino tem que se dividir, uma
Mestre das Marés é uma space opera militar
CARLOS ROCHA com uma inclinação para a ficção científica hard. parte seguindo para a superfície do planeta joviano
Continuação do romance Glória Sombria e parte
em colapso, enquanto as demais naves dão com-
da série As Lições do Matador, se passa no século
bate a um número crescente de vasos tadais que
adentram o sistema estelar.
XXV, um período de expansão da presença humana
em sistemas estelares a partir do Sistema Solar.
Engana–se quem pensar que é uma obra foca-
Nela, voltamos a acompanhar o Capitão Jonas
Peregrino, um militar de ascendência brasileira que lizada em batalhas apenas. A narrativa é dividida
em dois núcleos, um narrado em terceira pessoa
comanda uma unidade militar especial, os Jagua- em torno do ponto de vista de Peregrino, e outro,
res. Sob o comando do Almirante Túlio narrado por Camila Lopes, uma jornalista inserida
Ferreira, ela atua no combate aos ta- na unidade de Peregrino com a missão de escrever
dais, misteriosos robôs guerreiros que sobre as operações dos Jaguares. Camila é uma
assolam vários sistemas estrelares. jornalista jovem e determinada que demonstra o
Ainda se sabe pouco sobre os tadais desejo de encontrar algo que possa comprovar sua
e é uma das prioridades de Túlio e do tese de que Peregrino é um militar de atuação du-
grupo político e militar que representa vidosa. Ela pensa que ele deveria ser incriminado
(a Latinoamérica) descobrir informa- no inquérito que investiga a morte de militares na
ções relevantes sobre a natureza des- Batalha da Ciranda Sombria (ocorrida no primeiro
se inimigo. livro da série, Glória Sombria).
Nesse contexto, a base internacional A introdução de Camila Lopes e seu colega
de exploração científica Roger Penrose, jornalista, Marcos Vilela, um correspondente de
que se localiza nas proximidades de um combate e entusiasta da atuação dos militares
massivo buraco negro, está ameaçada do bloco latino–americano, traz uma interessan-
Foto: Letícia Albuquerque pela iminente destruição de um planeta próximo e te dinâmica à obra. Os conflitos contra os robôs
pede auxílio. A unidade de Peregrino é designada chegam a ficar em segundo plano, em relação aos
para uma missão de resgate, uma vez que uma das conflitos políticos e psicológicos que surgem ao
fontes de ameaça aos sobreviventes da estação são longo da trama.
os tadais. Além do interesse científico pelo estudo Acossado por Camila e abalado pelo potencial de
do buraco negro, a obtenção de informações sobre força destruidora representado pelo buraco negro,
uma antiga base e artefato tadai no subterrâneo do o principal adversário de Peregrino nessa missão
planeta e que produz efeitos nunca antes observa- passa a ser ele mesmo, que precisa dominar um
dos, torna–se um atraente objetivo de inteligência. crescente pânico que surge dentro dele e transpa-
Os cientistas da estação apelidaram o buraco recer calma diante de seus comandados. Suas de-
negro de Firedrake, o dragão que respira fogo, mas cisões e ações podem ser a diferença entre a vida
os alienígenas conhecidos como o Povo de Riv o e a morte de seus homens e também dos cientistas
chamam de Agu–Du’svarah, “o Mestre das Marés”. sobreviventes.
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