Page 89 - Universo GalAxis Anual 2019
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produzia, afirmando, a certa altura, que ele não do Piers Anthony’s Incarnations of Immortality: On a
precisava mais se focar na técnica, e sim encon- Pale Horse, para o mercado americano.” O processo
trar o seu estilo e temática. Já na época, Vagner foi o mesmo: ele, a partir do contato com um livro de
se voltava para o fantástico, despertando respos- quadrinhos, visitou o estúdio Art&Comics. Foi aten-
tas positivas dos professores, embora os dois se dido por Helcio de Carvalho, que viu seu portfolio e
preocupassem que ele fosse mais atraído para a propôs que Vagner fizesse HQs pintadas. Depois de
ilustração, desejando que buscasse uma identidade um teste, Vagner recebeu a incumbência de pintar
como artista de galeria. On a Pale Horse, romance gráfico baseado em um
Seu primeiro trabalho remunerado foi o cartaz livro do popular escritor americano de fantasia, Piers
para uma campanha da Secretaria de Turismo do Anthony. A Art&Comics fazia traduções e retoque de
Estado de São Paulo, por indicação de uma ami- HQs para o mercado local, mas também agenciava
ga, Marlene Santana. Em 1990, Vagner abando- artistas brasileiros para o mercado norte–america-
nou o emprego para apresentar seu trabalho em no, incluindo Marc Campos, Mozart Couto, Ivan Reis e
agências de publicidade e editoras. Não se sentiu o agora famoso Mike Deodato. O trabalho de Vagner
muito atraído pelo trabalho para agências — nem foi oferecido então para a americana Inovation, a
pelas condições empregatícias, que não atendiam, editora da adaptação do romance de Piers Anthony
em muitos casos, à sua necessidade de manter a publicado originalmente em 1983.
família. Ao voltar–se para o campo editorial, encon- “Em parte, foi bom porque pratiquei muito de-
trou um potencial maior. Logo, emplacou um rela- senho e pintura”, ele lembra. “Mas a maioria dos
cionamento com a Editora Global, recebendo uma desenhos não era eu que fazia. Eu fazia mais a
encomenda no mesmo dia em que visitou a editora pintura mesmo, em algumas capas fiz o trabalho
para mostrar seu portfolio. completo. Foi muito legal no sentido de aprendiza-
A área dos livros didáticos foi inicialmente um do, e você ganhava em dólar — mesmo! — mas era
pouco mais complicada. Mesmo assim, ele tornou– estressante por causa da pressão pela qualidade e
se colaborador de empresas importantes, como volume de trabalho impostos pelo agente.” Vagner
Scipione — que lhe ofereceu o primeiro trabalho precisava produzir dez páginas em duas semanas,
nesse campo, e para a qual ilustrou uma coleção de numa arte semirrealista, com aerografia e lápis
livros–jogos de RPG escritos por Rosana Rios. Tam- de cor... Como seu objetivo era fazer arte em ge-
bém produziu para Moderna, Ática, Ediouro e Atual, ral, e não apenas quadrinhos propriamente, ele se
com foco em ciências, particularmente geologia, dividia apresentando trabalhos em salões de arte
biologia e física. e atuando como capista, de modo que sua expe-
Ainda sobre a ilustração editorial, ele observa: riência com as HQs ficou basicamente resumida a
“Nessa área, meu campo favorito de exploração é o On a Pale Horse — de qualquer, modo um trabalho
universo do fantástico e do surreal, onde tento in- muito distinto. Tanto que Vagner chegou a ser pago
troduzir temas e assuntos que pertencem à minha por um colecionador para autografar um exemplar
arte pessoal. É por isso que meu trabalho favorece enviado dos Estados Unidos.
a ficção científica. No começo dos anos 1990, tive a Muitas vezes, o prestígio de um ilustrador edi-
chance de fazer capas de livros de Star Trek para a torial se mede pelas oportunidades que ele tem
Editora Aleph.” Seu primeiro contato na Aleph foi com de trabalhar com grandes obras e autores. A sua
o editor Pierluigi Piazzi (1943–2015), que lhe propôs contratação para realizar a capa de um título im-
fazer arte de capa para a Coleção Star Trek, em uma portante revela a confiança e a apreciação que a
franquia da qual é fã, inclusive. “A maioria das capas editora deposita nele. Sobre isso, Vagner observa:
foi feita em cima de briefings passados pelo Pier, “Mais tarde, já no século XXI, pude produzir capas
que também deu várias referências em revistas e de livros para romances clássicos ou importantes
livros”, recorda. de Arthur C. Clarke, Orson Scott Card, Bruce Ster-
Na mesma época, Vagner se aventurou pelas his- ling e de Jorge Luiz Calife, todos em edições lança-
tórias em quadrinhos. “Fiz o romance gráfico pinta- das pela Devir Brasil.”
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